
17 Jul Os melhores livros de terror da DarkSide que você precisa ler!
Quando o assunto é literatura de horror, ficção científica e fantasia, fica difícil competir com os livros de terror da DarkSide.
- Se você curte terror, precisa ver essa análise sobre Babadook!
- Dê uma olhada também neste texto sobre a série Cloverfied!
A editora é um respiro dentro do ramo porque, enquanto o mercado impresso – infelizmente – parece respirar com dificuldades, as edições da DarkSide proporcionam um ar mágico e lúdico aos livros de terror, clássicos ou contemporâneos.
Além da editora lançar obras excelentes, ela garante uma qualidade indiscutível às edições publicadas sob o selo da caveirinha, o que dá força ao mercado impresso, afinal, são histórias incríveis contadas em edições lindas que, além de tornarem a experiência da leitura ainda mais agradável, também decoram a sua estante.
Eu já li praticamente todo o catálogo da editora e, para facilitar a sua vida na hora de escolher os melhores livros de terror da DarkSide, selecionei os meus favoritos que certamente valem não só a leitura, mas também um espaço na sua estante.
Hex – Thomas Olde Heuvelt (edição 2013)
Há controversas na hora de afirmar que este é o melhor livro de terror da atualidade. Porém, até agora, ele é o meu favorito.
A trama é quase folclórica, é um mito moderno com elementos clássicos da literatura holandesa que te prende do início ao fim e, assim como um bom clássico do terror, consegue te fazer perder o sono e ao mesmo tempo se emocionar.
Hex conta a história de uma família que vive em uma pequena cidade do estado de Nova York. A cidade é pacata e ironicamente tranquila, mesmo estando localizada perto de uma das maiores metrópoles do planeta.
Porém, apesar da aparência pacata, a cidade sofre uma maldição há séculos: uma bruxa, antes de ser morta por moradores da região, amaldiçoou todos aqueles que escolherem Black Spring como lar – mesmo que temporário.
Quem nasce em Black Spring não pode deixar Black Spring, e quem toma conhecimento da bruxa dentro das fronteiras da cidade também passa a ser amaldiçoado por ela.
O que acontece com quem deixa a cidade? Bem, Thomas Olde Heuvel deixa claro de uma maneira bem perturbadora os efeitos da maldição em quem se afasta de Black Spring.
O mais interessante no livro é como o autor consegue misturar elementos da tecnologia em uma clássica história de bruxa.
Hex, por exemplo, é uma plataforma criada para monitorar a localização da bruxa dentro da cidade – sim! Eu esqueci de comentar esse pequeno detalhe, mas a bruxa fica perambulando pela cidade o tempo inteiro. A plataforma funciona como um aplicativo interativo, e essa ideia consegue criar uma atmosfera ainda mais realista e envolvente.
Este é certamente um dos melhores livros de terror publicados pela DarkSide. A mitologia, os personagens, as soluções encontradas por eles e toda a falsa sensação de segurança proporcionada pelo globalismo e pela internet caí por terra ao longo das páginas de um jeito original e perturbador.
- Veja mais aqui: descubra o livro Hex
Ecos – Pam Muñoz Ryan (edição 2017)
Ecos faz parte da coleção DarkLove, cuja proposta é compartilhar histórias fantasiosas no melhor estilo dos contos de fadas mais clássicos que tanto amamos.
Este livro, entretanto, apesar de ter vários do nosso imaginário infantil, é diferente de tudo o que eu já li. Uma das obras mais doces – na verdade, mais agridoces – da DarkSide.
O livro carrega três histórias dentro de uma história maior. No início, somos apresentados para um conto de fadas de bruxas e feitiços bem clássico. Nesse conto, um garoto se perde na floresta e, entre as árvores, encontra três irmãs que contam sua história para ele.
As irmãs, prisioneiras de uma bruxa, o ajudam a voltar para a casa, e ele então recebe uma gaita mágica e um pedido: que ele as liberte através daquele instrumento.
Então, somos carregados para três histórias conectadas pelo mesmo instrumento: uma gaita. Cada história se passa em um lugar diferente do mundo, e cada uma dessas histórias conta com crianças como protagonistas.
O mais doce, e ao mesmo tempo triste – que proporciona aquela sensação agridoce -, é o fato de que cada uma das histórias se passa em um momento assustadoramente real da história do nosso mundo: o nazismo na Alemanha, as duas Guerras Mundiais e a Grande Depressão nos Estados Unidos.
Contos que são conectados pela música e crianças que se redescobrem como seres humanos dignos de respeito e de amor são apenas dois aspectos deste livro que certamente vai continuar dentro de mim por muito tempo.
- Conheça mais sobre o livro aqui: viaje pela música com Ecos
A Menina Submersa – Caitlin R. Kiernan (edição 2015)
Este livro foi uma das primeiras grande apostas da DarkSide fora das obras clássicas: e a editora acertou em cheio com A Menina Submersa, um dos livros mais empáticos e completamente fantasiosos que eu já li na minha vida.
A obra de Caitlín R. Kiernan é brilhante é vencedora do prêmio Bram Stoker, uma premiação concedida pela Horror Writers Association (HWA) por “realização superior” em terror.
Caitlín consegue fazer algo quase inédito na literatura de terror contemporânea: te colocar dentro da cabeça de uma pessoa esquizofrênica. A personagem principal navega pelas páginas deste livro que é seu diário e ao mesmo tempo uma história de amor.
Nós a acompanhamos pelos seus surtos, suas crises, suas visões, seus medos e seus anseios e, quando percebemos, estamos refém da personagem, completamente envolvidos em seu canto de sereia.
Uma grande obsessão da personagem é, inclusive, uma sereia – uma imagem de um quadro que ela viu quando nova e que nunca mais saiu de sua mente e nem de seus delírios. Ela se apaixona por aquela imagem e narra para a gente como é estar apaixonada por um fantasma.
Ao mesmo tempo assustador e apaixonante, A Menina Submersa é uma obra indispensável para fãs de livros de terror e para quem ama uma boa história.
- Descubra mais aqui: navegue pelo canto da seria de A Menina Submersa
Lady Killers – Tori Telfer (edição 2019)
Para curiosos que não cansam de estudar a mente de Serial Killers, Lady Killers é uma obra indispensável.
A coletânea das histórias (reais) mais assustadoras envolvendo Assassinas em Série ao longo da história não é só informativo, é também sociológico.
Tori Telfer consegue traçar não só o perfil das Assassinas em Série de uma maneira única, como também consegue narrar com clareza e eficácia o zeitgeist – ou o espírito da época –de cada caso, o que nos faz analisar e refletir sobre a sociedade, os costumes e inclusive sobre a forma que o mundo enxerga as Assassinas em Série. Ou melhor: a forma com a qual o mundo não as enxerga, afinal, nós raramente ouvimos falar delas.
Tori Telfer consegue mostrar com isso é problemático. Frequentemente, as mulheres psicopatas conseguem matar por mais tempo porque ninguém as leva a sério.
Seus crimes demoram para serem solucionados porque a sociedade demora a desconfiar da mulher e, inclusive quando as Assassinas em Série são pegas, a imagem de cada uma passa por um filtro muito perturbador: ou a Assassina em Série é vista de forma sexualizada, como o caso da Condessa Bathory – um sex symbol fetichizado em uma banheira de sangue – e outras assassinas dos anos 1940 em Chicago, ou a Assassina em Série é vista como uma louca ou uma bruxa.
De qualquer uma das formas, esses filtros impedem a aplicação da justiça da maneira correta. Em uma época onde a pena de morte na cadeira elétrica era comum, essa pena não era aplicada a uma mulher.
Quando várias pessoas morreram pelas mãos de uma mulher na Europa, a sociedade e a igreja enxergou essa mulher como uma bruxa e transformou suas ações em algo místico e fantasioso, adicionando elementos fantásticos e surreais que acabaram escondendo e não fazendo justiça às suas vítimas.
Lady Killers não é apenas uma coletânea de perfis de Assassinas em Série, é uma aula de história e sociologia.
- Veja mais aqui: conheça o mundo dos venenos das Lady Killers
Fragmentos do Horror – Junji Ito e Akemi Ono (edição 2017)
Esta coletânea dos contos de terror de Junji Ito não é um livro de terror incrível só para fãs de mangá, é também uma junção das histórias mais bizarras e perturbadoras que a literatura de horror já presenciou.
Para quem não está familiarizado com Junji Ito ou não conhece muito sobre os mangás de terror, o cara é um monstro na área. Ele trabalha, em seus desenhos e suas histórias, com aquele “vale da estranheza”, uma brecha na nossa maneira de interpretar símbolos e signos, um buraco na nossa capacidade de absorver informações.
Sabe quando você vê um manequim e sente um arrepio? Basicamente, essa sensação é causada justamente pelo fenômeno do “vale da estranheza” – o seu cérebro processa uma imagem que apesar de parecer muito a imagem de um ser humano, não é.
Junji Ito trabalha essa sensação de uma maneira primorosa em seus contos, lidando não só com imagens perturbadoras, mas também com medos humanos: loucura, delírio, relações familiares, fantasmas – é claro, afinal, estamos falando do Japão – e seres tão distantes da nossa realidade que sequer conseguimos entender.
Nesse aspecto, seus contos lembram bastante o horror cósmico de H.P Lovecraft.
Fragmentos do Horror é um dos livros de terror que você precisa ler e reler sempre que puder. Os contos são pequenos mas te darão pesadelos, afinal, eles perambulam entre o repugnante, o assustadoramente real, o quase cômico e o inesquecível.
- Descubra aqui: pegue um voo para o lado mais perturbador do Japão
Paraíso Perdido – John Milton (edição 2018)
John Milton é um autor indispensável para amantes de livros de terror – infelizmente, ele é pouco lembrado pela cultura pop em geral.
Esta edição de Paraíso Perdido é um presente para fãs do gênero, um livro maravilhosamente bem editado e perfeito para deixar na mesa de centro. Mas tome cuidado: se você receber visitas que não curtem tanto o universo do horror, talvez não seja uma boa ideia permitir que elas folhem as páginas desta edição da DarkSide.
Paraíso Perdido é um poema de John Milton que narra a queda dos anjos expulsos do paraíso que planejam sua vingança nas chamas do Inferno.
Impedidos de atacar diretamente o céu, eles buscam confrontar a criação divina: o homem.
Para quem não é tão familiarizado com poemas, a ideia de embarcar nessa história em rimas e estrofes pode parecer um pouco ousada, mas fique tranquilo: Paraíso Perdido é assustadoramente envolvente e sua estrutura lírica desperta sentidos que certamente não seriam despertados se a mesma história fosse contada em um romance em formato de prosa.
Os dez mil versos de Milton sobre a criação do mundo, a tentação e o desejo por redenção receberam reconhecimento instantâneo e serviram de inspiração para peças de teatro, músicas, pinturas e livros, ecoando na obra de mestres como Mary Shelley, C.S. Lewis e Neil Gaiman.
Depois de mergulhar nessa edição em quadrinhos – sim, quadrinhos! – do poema clássico que perturbou a vida de seu autor, você pode buscar um pouco mais sobre a história de John Milton e se aventurar no pior dos horrores: a realidade de um homem que ditou o poema de sua vida para que seus ajudantes, amigos e filhos o escrevessem porque estava vivendo seu próprio inferno provocado pela gota.
- Veja mais aqui: descubra a história do mundo em Paraíso Perdido
H.P. Lovecraft – Medo Clássico – Vol. 1 (edição 2017)
É claro que eu não poderia deixar este clássico da DarkSide de fora desta lista!
Falar de livros de terror e não falar de Lovecraft é quase uma ofensa. Ele é considerado o pai do horror cósmico – citei esse termo anteriormente quando falei de Junji Ito – e fonte de inspiração para todos os outros autores de terror que surgiram depois dele.
Você provavelmente já ouviu falar que o melhor tipo de medo é aquele que não se revela em sua totalidade, que não se mostra inteiramente e que está tão longe da nossa concepção de realidade que sequer somos capazes de enxergá-lo quando ele se materializa em nossa frente.
Alan Moore já trabalhou essas propostas se inspirando em Lovecraft; Stephen King então, nem se fala! It é praticamente uma homenagem ao autor.
H.P Lovecraft praticamente criou sua própria mitologia com deuses e entidades ancestrais.
O Medo Clássico Vol. 1 é uma seleção especial de contos e novelas do autor que revolucionou o terror e a ficção científica no século XX – em uma edição que brilha no escuro e que vai deixar a sua estante assustadoramente ainda mais linda.
Cada ilustração consegue transmitir de uma maneira muito eficaz o que cada conto trabalhado no livro buscava transmitir.
A obra também conta com uma seleção de cartas e documentos coletados pelo historiador Clemente Penna na Brown University especialmente para esta edição. Entre os contos, os clássicos Dagon, O Chamado do Cthulhu, Nas Montanhas da Loucura e a Sombra Vinda do Vento.
- Descubra mais aqui: Embarque no Medo Clássico de H.P Lovecraft
Bom dia, Verônica – Andrea Killmore (2016)
Finalmente, uma obra nacional na lista! Mas esta não é a única obra brasileira publicada pela DarkSide, a editora tem outros títulos excelentes de autores brasileiros.
Bom dia, Verônica é um thriller policial, um suspense envolvente e ágil, com uma personagem principal cativante e muito bem construída. A autora narra, em primeira pessoa, a vida de Verônica, uma secretária da polícia que, em um curto espaço de tempo, presencia de forma abrupta o suicídio de uma mulher dentro da delegacia e recebe uma ligação anônima de uma mulher que denuncia o próprio marido.
Verônica, até então uma “simples” secretária, decide investigar os casos por conta própria já que seu chefe inicialmente não lhe dá espaço e nem ouvidos.
E é aí que um furacão de acontecimentos prende Verônica em uma teia de aranha.
Bom dia, Verônica é uma obra ímpar realmente capaz de te tirar o fôlego.
As descobertas de Verônica são intercaladas com a vida da mulher que denunciou o marido e, então, nós nos vemos na pele dessas duas mulheres que apesar de aparentemente estarem do mesmo lado do tabuleiro, são antagonistas pois vivem realidades muito diferentes.
- Veja mais aqui: Bom dia, Verônica
No Comments